MONSTRA Festival

MONSTRA, o ano dos centenários, o ano do Japão!

 

A MONSTRA 2023 realiza-se sob o signo dos centenários.

Há quase cinco séculos, 480 anos para ser preciso, os marinheiros portugueses eram os primeiros ocidentais a chegar de barco à costa do Japão. Tal feito ficou documentado em vários escritos da História que acabaram por inspirar muitos artistas, entre eles os de animação.

Há 100 anos, o ilustrador Joaquim Guerreiro realizava “O Pesadelo do António Maria”, o primeiro filme de animação português que se conhece e, 100 anos depois, o primeiro português nomeado aos Óscares de Hollywood é um filme de animação.

Há 100 anos nascia a Walt Disney Company e o mestre norte-americano realizava “Alice”, cinco anos antes de nos dar a conhecer a sua personagem mais famosa, Mickey Mouse.

A chegada dos nossos ancestrais ao País do Sol Nascente é o mote para a MONSTRA homenagear este ano toda a riqueza, emoção, fantasia e poesia da animação japonesa. Uma viagem sobre ecrãs que principia nos pioneiros da animação do país, do início do século XX até aos nossos dias. São 14 longas e mais de meia centena de curtas-metragens, com destaque para a estreia mundial de um filme realizado expressamente para a MONSTRA por jovens japoneses, e apresentado com música ao vivo. 

Nesta comemoração, há também lugar para o encontro com os grandes mestres japoneses: o nomeado aos Óscares Koji Yamamura, que, para além dos seus filmes, apresenta uma exposição com 50 originais de quatro dos seus filmes e uma masterclass; Maya Yonesho, que vem à MONSTRA para realizar uma oficina de animação; ou o único ocidental a ter um filme produzido pelos Estúdios Ghibli, o oscarizado Michaël Dudok de Witt, que, para além da sua “A Tartaruga Vermelha”, apresenta no festival uma masterclass sobre o filme e a sua obra. Para nos falar da história e da magia da animação japonesa, contaremos, ainda, com a presença  do historiador japonês Ilan Nguyen, e a portuguesa Cátia Peres, especialista em Miyazaki. Esta viagem continua até à contemporaneidade, com a nova geração da animação nipónica e filmes das universidades de Tama e Tóquio. 

E como não celebrar o centenário da animação nacional num ano em que a MONSTRA conta com a maior representação e estreias mundiais lusas de sempre nas sessões competitivas do festival e um Summit dedicado à história da animação nacional, e o filme de animação “Ice Merchants”, de João Gonzalez, a primeira obra de um realizador português escolhida para os Óscares? Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, celebramos este tão importante momento na programação do festival e ao longo de todos os meses de 2023. 

A homenagem à belíssima trajetória do cinema animado em Portugal prolonga-se para fora dos ecrãs através de duas exposições: uma também na Cinemateca Portuguesa, dedicada aos primórdios da animação, com originais dos primeiríssimos filmes e de outros mestres; e outra no Museu da Marioneta, com a apresentação de marionetas e cenários originais de filmes em estreia: “Casa de Guardar o Tempo”, de Joana Imaginário, “Casaco Rosa”, de Mónica Santos, e a Longa-metragem “Nayola”, de José Miguel Ribeiro. Estes serão acompanhados por originais de filmes icónicos da animação de marionetas portuguesas como “A suspeita”, “AXL Rose”, “Azeitonas”, “Das Gavetas Saem Sons”, entre outros. 

A inigualável língua portuguesa não podia deixar de ser destaque nesta edição, com uma programação especial ANIMA CPLP: cinco programas de curtas e longas-metragens de seis dos nove países cujo idioma oficial é o português.

Mas a MONSTRA é também competição: mais de três centenas de filmes estão nas diferentes categorias competitivas da MONSTRA e MONSTRINHA, com grandes filmes oriundos de quase uma centena de países — a maioria em estreia nacional e mundial.

Na programação, espaço ainda para sessões temáticas e retrospetivas de grandes autores mundiais, alguns com presença garantida para momentos únicos em masterclasses ou workshops, como é o caso de Joan Gratz, Joanna Quinn, Les Mills, Michael Dudok de Wit, Koji Yamamura, Martin Smatana, Florence Miailhe, Maya Yonesho, João Gonzalez, José Miguel Ribeiro, Bruno Caetano, Nuno Beato, Lucija Mrzljak, Tal Kantor, entre muitos outros.

O alemão Raimmund Krumme é mais um dos convidados que vem à Sociedade Nacional de Belas Artes mostrar originais dos seus filmes e intervir no espaço com desenhos realizados ao vivo nas paredes da galeria. A não perder!

Já o incontornável “Steamboat Willie”, onde Walt Disney nos mostrou pela primeira vez o Rato Mickey, será recordado numa sessão MONSTRINHA na Cinemateca Júnior.

Como sempre, a relação entre imagens em movimento e a realidade aumentada é evocada, desta feita, através da descoberta de ritmo, som e aventura em ilustrações. 

Março é mês de MONSTRA. Mais uma vez com o melhor da animação portuguesa e e do mundo com a presença dos melhores realizadores e criadores. Uma MONSTRA que comemora centenários mas que mantém o olhar e uma programação vanguardista qual manifesto de imagens em movimento, de pensamentos e de Arte. E, meus amigos, a Arte é a melhor (quiçá a única) arma que promove o encontro, a construção, a criatividade, o desenvolvimento, a cultura, o conhecimento. 

Durante 12 dias, que devem inspirar (pelos menos) os próximos 100 anos, vamos celebrar a Cultura e por isso a Paz, através da arte do Cinema de Animação… juntem-se a nós! 

 

Fernando Galrito 

Diretor Artístico da MONSTRA | Festival de Animação de Lisboa