“Sempre gostei de desenhar! Com tinta, canetas e pincéis.
Para mim, qualquer outra maneira de o fazer é uma grande tristeza.
A arte do desenho sempre foi um território ilimitado que os leigos pretendem
Limitar. (E), se os incompetentes acreditam que as «novas ferramentas» vão desenhar em lugar deles… louvando a arte e sem pressas, prossigo o meu caminho”
(José-Manuel Xavier Xavier)
Seriam decerto mais pobres algumas das edições da MONSTRA se, em muitas delas não tivéssemos a presença de filmes, quase sempre a abrir o festival, do José-Manuel Xavier.
Pode não parecer, ao primeiro olhar, a importância que este desenhador, criador, poeta do movimento, tem na animação portuguesa. A sua história remete para alguns anos atrás, talvez alguns de nós não tivéssemos nascido, mas fomos crescendo, sem saber, com publicidades desenhadas e animadas por ele, em companhia do seu grande amigo, e que ele chama de mestre, Armando Servais Tiago.
Um regime castrador de talentos levou-o à França onde ainda hoje vive. Aí realizou, algumas das obras mais importantes e inovadoras para a animação francesa e mundial.
Para além dos seus movimentos criados sobre os ecrãs, a MONSTRA | Festival de Animação de Lisboa tem o prazer de, pela primeira vez, reunir a obra plástica de José Manuel Xavier. ‘Outros Movimentos’ é uma exposição que junta cerca de 100 obras de José-Manuel Xavier, que inclui gravuras, desenhos, pinturas e até um livro chinês, revisitando o seu corpo de trabalho de uma forma profunda.
Pensador, escritor, animador e desenhador incansável, senhor de um traço inconfundível, cada imagem sua é também um movimento, um poema, um haiku. Este conjunto de obras não são menos plenas da poesia, da musicalidade ou dos movimentos que encontramos nos seus filmes e estudos sobre a ilusão do movimento.
Será possível visitar a obra de José-Manuel Xavier na Sociedade Nacional de Belas-Artes, de 14 de março a 12 de abril, onde estará disponível um catálogo, com prefácio da autoria de Luís Tinoco, Prémio Pessoa para 2024, com quem colabora na curta-metragem ‘Mind the Gap’.